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A paz que Mandela não conquistou

por Lucia Tina

Depois de tanta luta pela liberdade e igualdade racial, aos 94 anos de idade, Nelson Mandela merecia descansar em PAZ, aquela que lhe rendeu o prêmio nobel. Só que agora, o ex-presidente da África do Sul vem enfrentando seu pior conflito: o familiar. Recentemente, duas de suas filhas entraram na justiça para obter o controle de um fundo de investimento constituído pelo pai, de um milhão e setecentos mil dólares, para assegurar não só os filhos e netos, mas também as futuras gerações de sua família. Elas reclamam da má administração exercida pelos advogados escolhidos por Mandela, personagens que vêm expondo toda a família na mídia.

No Brasil, este tipo de organização da herança (trust) vem sendo a opção daqueles que pretendem entregar seu patrimônio aos herdeiros em etapas ou sob alguma condição. Cada família se organiza como quer, mas deve ter limites na lei. Não dá para distribuir a totalidade dos bens contra a ordem de vocação hereditária ou contra a meação da esposa. Além disso, os beneficiários devem ao menos estar concebidos, impossibilitando o benefício aos eventuais bisnetos e seus descendentes indefinidamente.

Bom, independente da forma de recebimento da herança permitida na África do Sul, a grande diferença para o Brasil está no patrimônio dos que dedicaram toda a vida à política. Enquanto Mandela deixa o ‘modesto’ patrimônio de menos de dois milhões dólares, contando com o lucro de um best seller, políticos tupiniquins, como Orestes Quércia, por exemplo, deixam bilhões para os herdeiros. Mas apesar da enorme diferença de valores, em ambos os casos as famílias estão em conflito.

Parece então que o prêmio da paz, em família, é o mais difícil de ser conquistado.



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